A equipe jurídica do Instituto Cordilheira esteve presente em Bento Rodrigues acompanhando o momento de memória e honra às 20 vítimas fatais do crime da Samarco, Vale e BHP Billiton, em Mariana, MG e pela não repetição das violações cometidas.
Apesar da triste situação das casas abandonadas e saqueadas na localidade, chamada de “Bento de origem”, merece destaque a resistência e a resiliência das pessoas, especialmente o grupo “Loucos por Bento”. Estiveram presentes também as assessorias técnicas e pessoas de outras regiões da bacia do rio Doce.
Um gesto bonito e emocionante foi o plantio de 20 mudas de árvores, uma pra cada vítima, com seus respectivos nomes.
Foram manifestadas duas grandes preocupações pelas pessoas que seguem, há nove anos, lutando por justiça:
1. O Projeto Longo Prazo da Samarco, que é um plano para ampliar a mineração na região de Mariana e Ouro Preto, com a instalação de pilhas de estéril muito próximas às comunidades. O projeto já recebeu autorizações no nível municipal e está em processo de licenciamento no âmbito estadual. Uma faixa com os dizeres “Não ao Projeto Longo Prazo da Samarco” foi colocada exatamente no ponto onde se planeja instalar a nova pilha de estéril.
2. A desapropriação das casas do ‘Bento de origem’, prevista na Repactuação de Mariana, assinada em 25 de outubro de 2024. Diante da ausência do compartilhamento de informações sobre os termos desse acordo, os membros da comunidade estão ansiosos e aflitos, especialmente porque não querem a desapropriação do terreno de suas casas que são símbolo de memória. Conforme argumentaram os ‘Loucos por Bento’, existem bens tombados em Mariana e Ouro Preto que são geridos por particulares e, logo, não é necessário que o Poder Público público decida pela desapropriação desses territórios.
As pessoas presentes no ato se direcionaram ao centro de Mariana com a reverberação da enfática fala de Mônica: “não nos deixem sozinhos, por favor, não nos deixem sozinhos”.